A banda chamou atenção por onde passou e seu nome despontou na mídia mundial. Nesta turnê encontraram uma de suas fontes de inspiração,
Lemmy Kilmister e sua banda
Motörhead, cruzaram o muro de
Berlim ainda na época da guerra fria, e até conheceram o
Metallica. Foi gravado nesta época o primeiro videoclipe do Sepultura, "Inner Self", que tal qual "Mass Hypnosis" e "Beneath the Remains", tornou-se um clássico da banda. Em 1991, o Sepultura toca no
Rock in Rio II, para 50 mil pessoas. Dois meses depois, a atual gravadora da banda lança
Arise, que vende cerca de 160 mil cópias nas oito primeiras semanas.
No mesmo ano, são lançados alguns singles, como "
Arise", "
Under Siege (Regnum Irae)" e "
Dead Embryonic Cells". Logo após a apresentação no Rio a banda promoveu um show gratuito em
São Paulo na praça Charles Müller, em frente ao
Estádio do Pacaembu, o show contou com aproximadamente 40 mil pessoas. Mas algumas pessoas confundiram o espírito de confraternização dos fãs, e um rapaz foi assassinado. Esta fatalidade criou um falso mito sobre o público da banda, que repercutiu por muitos anos negativamente fazendo com que muitos produtores de shows brasileiros temessem marcar shows com o grupo.
[editar] Repercussão no exterior
No exterior, por sua vez, a turnê do Arise foi longa e passou por lugares inéditos como
Grécia e
Japão. Na
Austrália foi lançado o primeiro EP oficial da banda, o
Third World Posse. Na
Holanda estrearam em um festival internacional de grande repercussão, o "Dynamo Open Air", para mais de 30 mil pessoas. E atraíram mais de 100 mil pessoas nas duas apresentações feitas em estádios quando estiveram na
Indonésia. Lá também foram premiados com fitas cassetes de ouro pelas boas vendas.
Gravaram os clipes de "
Arise" e "
Dead Embryonic Cells", e lançaram seu primeiro home-vídeo, "Under Siege", que foi gravado em
Barcelona,
Espanha. Com todos estes acontecimentos ligados ao disco Arise, o Sepultura firmou seu nome mundo a fora. Em 1992
Third World Posse é lançado. O álbum tem três músicas ao vivo tiradas do vídeo
Under Siege (Live in Barcelona), além de "Drug Me" de Jello Biafra e "Dead Embryonic Cells", do disco Arise. Ainda em 1992, acontece o casamento de Max com a empresária Glória.
Em 1993, o Sepultura lança o disco
Chaos A.D., que já possuía influências tribais e já não tinha toda a violência de Arise, e menos ainda dos primeiros álbuns da banda. Ainda assim, percebia-se que a banda ainda se preocupava com a situação geopolítica mundial, pois pérolas como "
Refuse/Resist" e "
Territory" estão incrustadas neste álbum, além de "Manifest", que denunciava o massacre da penintenciária do
Carandiru, onde 111 detentos foram mortos.
O Sepultura optou por um lado musical nunca antes explorado, misturando seu som brutal com elementos de música popular, e com isto definiram a linha musical de vanguarda que se tornou sua marca registrada. O lançamento de
Chaos A.D. aconteceu em um castelo medieval na
Inglaterra e com a presença de boa parte da imprensa mundial. Nesta turnê a banda foi até
Israel gravar o clipe da música "
Territory", também lançada como single. Este vídeo foi eleito o melhor videoclipe do ano pela
MTV Brasil, que levou a banda á
Los Angeles para receber o astronauta de prata. Outros clipes/singles tirados deste álbum foram "
Refuse/Resist" e "
Slave New World", e o home-vídeo "Third World Chaos". Este álbum que inclui um cover da canção "The Hunt", do
New Model Army. "Biotech Is Godzilla" foi escrita por Jello Biafra, além de uma faixa especial, onde os integrantes se acabam de rir e gritar, e mais uma versão de "Polícia", dos
Titãs, disponível apenas na versão brasileira do álbum. O single "Territory" também é lançado nesse mesmo ano. Ainda em 1993 nasce o primeiro filho de Glória e Max: Zyon.
Nesta turnê o Sepultura foi a primeira banda de
metal da
América Latina a se apresentar no tradicional festival
Monsters of Rock, no
Donington Park,
Inglaterra, na frente de 50 mil pessoas, quantidade equalitária ao
Rock in Rio II, onde o Sepultura também foi atração. E também a primeira banda do
Brasil a tocar na
Rússia. De volta ao Brasil, a banda foi convidada a tocar no festival
Hollywood Rock só após um abaixo-assinado feito pelo fã clube oficial brasileiro. Isso devido ao boicote por parte dos organizadores do evento, amedrontados com o incidente em São Paulo anos atrás. Em 1994, o EP
Refuse/Resist é lançado. O álbum é uma espécie de coletânea com músicas ao vivo, de estúdio, "Drug Me" (de
Jello Biafra) e ainda uma música de nome "Inhuman Nature", da banda
Final Conflict. O single "
Slave New World" é lançado.
Em 1994, Andreas se casa com Patrícia, e a banda começa a compor material para novo álbum e single. No ano seguinte, o segundo vídeo do Sepultura, o Third World Chaos é lançado, contendo alguns clipes da banda, trechos de entrevistas com a
MTV brasileira,
americana,
européia e
japonesa. O vídeo contém um trecho de entrevista em que o entrevistador é
Bruce Dickinson, quando ele tinha o seu programa de entrevistas na rede inglesa de televisão. Ainda em 1995, nasce Giulia Kisser, a primeira filha de Patrícia e Andreas; Igor se casa com Monika, e Igor Amadeus, segundo filho de Glória e Max, nasce. Em 1996, o compacto
Roots Bloody Roots é lançado, contendo quatro faixas, "Roots Bloody Roots", "Procreation of the Wicked" (um cover da banda black metal
Celtic Frost), "Refuse/Resist" e "Territory" (ambas gravadas ao vivo em
Minneapolis,
Estados Unidos). Outros singles foram lançados, "
Ratamahatta" e "
Attitude".
[editar] O álbum Roots (1996)
Ver artigo principal: Roots
Mais tarde, no mesmo ano, sai
Roots, um dos álbuns mais aguardados do ano. O disco mostrou um lado mais experimental da banda, com uma participação de
Carlinhos Brown na canção
Ratamahatta, e presença ao longo do disco de percussão, berimbau e várias batidas tribais. O disco contém ainda duas músicas gravadas conjuntamente com os índios
xavantes Jasco e Itsari, no
Mato Grosso. A música "Itsari" foi gravada na Aldeia Pimentel Barbosa no ano de 1995, ás margens do
Rio das Mortes no estado de Mato Grosso. Já o restante do álbum foram feitas em
Malibu no estúdio Índigo Ranch, dotado de instrumentos de idade avançada, e fazendo da gravação a mais crua o possível. Os clipes/singles foram "Roots Bloody Roots" gravado na cidade de
Salvador, "
Attitude" que teve fotos de tatuagens de fanáticos pelo Sepultura como capa, e contou com a participação especial da
família Gracie no videoclipe. "
Ratamahatta" foi um clipe diferente de todos os anteriores do Sepultura, feito todo em animação gráfica computadorizada.
A versão brasileira tem também "Procreation of the Wicked" do
Celtic Frost e "Symptom of the Universe" do
Black Sabbath, além de "Lookaway", escrita por
Jonathan Davis da banda
Korn.
Em meados de 1996, a banda fica sabendo do assassinato de Dana Wells, filho de Gloria Cavalera. Max e Gloria vão para os Estados Unidos e o Sepultura toca em trio no Donnington 1996, com Andreas nos vocais. O grupo termina a turnê tocando no
Ozzfest, após cancelar três semanas de shows dos Estados Unidos. De acordo com a seleção de Spence D. e Ed Thompson, do site IGN Music, o disco Roots
[17], lançado pelo Sepultura em 1996, está na posição 23 dos 25 discos considerados os mais influentes do
heavy metal. Encabeçando a lista está
Master of Puppets, lançado pelo
Metallica em 1986. Ainda foi lançado o disco duplo
The Roots of Sepultura, no qual um dos discos conta boa parte da história musical da banda, e o segundo é o álbum Roots.
[editar] Saída de Max Cavalera
Finalmente, em dezembro de
1996, chega a notícia de que
Max Cavalera deixaria a banda. Aconteceu quando os outros três integrantes, em reunião, decidem demitir Gloria Cavalera do posto de empresária da banda, alegando que esta dava apenas espaço para seu marido, Max, ao contrário de antigamente: quando o Sepultura aparecia, todos os quatro integrantes estavam na foto, e não apenas
Max. Com a esposa fora da banda, Max se sente traído e resolve separar seu caminho do caminho do resto da banda.
A discussão é imensa.
Andreas,
Igor e
Paulo tinham a convicção de que a empresária já não estava mais os representando do jeito que deveria e comunicaram sua decisão de não renovar seu contrato de trabalho. Havia a opção de que ela continuar a cuidar dos interesses de Max. Ele não aceitou a decisão dos companheiros e abandonou o Sepultura, achando estar sendo injustiçado. A partir de então as incertezas caíram sobre o Sepultura e o futuro era incerto.
Com o tempo a banda acostumou-se á nova situação imposta, e que não poderia parar o trabalho de uma vida toda dessa forma. E assim que puderam começaram a escrever seu próximo álbum, como um trio. Max formou sua própria banda,
Soulfly. "Durante este um ano e meio, pensamos em tudo", diz Andreas. "De fato, pensamos em dizer se foda a todo mundo, se foda a música, se fodam as bandas, a porra toda. Mas não tomamos nenhuma decisão durante o período mais turbulento, porque essas decisões geralmente se mostram erradas, mais tarde. Fizemos as coisas calmamente, e levamos o tempo necessário para pensar a respeito da situação toda".
Ainda nesse ano, nasce a primeira filha de Igor e Monika, Joanna. Em
1997, sai outra coletânea,
Blood-Rooted. A Roadrunner lança também uma coleção de músicas do Sepultura, com versões alternativas e demos, o
B-Sides, além de relançar todos os discos do Sepultura até
Arise, com os nomes de Gold CD re-issue, remasterizados e com faixas bônus. Sai ainda o vídeo
We Who Are Not as Others.
[editar] A volta do Sepultura
Igor,
Paulo e
Andreas passaram a escrever de uma nova forma. Agora o baixo ganhou uma importância ainda maior, como base das músicas. Andreas assumiu os vocais, mas nunca havia cantado antes e não se sentiu á vontade no posto. Decidiram encontrar um novo vocalista para o Sepultura. As fitas de demonstração chegaram em grande quantidade aos escritórios da
RoadRunner, e fizeram assim um processo de seleção. Um pequeno grupo de finalistas foi selecionado, e os candidatos receberam uma fita com músicas nas quais deveriam trabalhar, inclusive escrevendo letras, antes de encontrarem a banda para os testes.
Os testes finais aconteceram no
Brasil, também foi levado em conta a integração e a afeição entre o grupo. Desde o começo da procura, a voz e a aparência de
Derrick Green impressionou. Quando ele esteve no Brasil para os testes sentiu-se em casa, virou
palmeirense, e se entendeu extremamente bem com a banda. A maior parte das músicas já estava pronta, esperando a gravação dos vocais, e a banda estava sob pressão para lançar o disco.
Então, em 1998, o Sepultura volta com um novo single, "
Against", do álbum de mesmo nome
Against, mostrando todo o poder do novo vocalista
Derrick Leon Green, apelidado de Predador. O single foi produzido por
Howard Benson e mixado por Bill Kennedy. "Não sabíamos nem se devíamos usar o nome Sepultura, diz
Igor Cavalera a respeito da evolução da banda. Decidimos que escreveríamos algumas músicas primeiro, e se não soasse como Sepultura, então pararíamos de usar o nome na mesma hora. Mas logo que tinhamos as músicas, vimos que tinhamos razão para manter o nome. E quanto mais tocamos, mais confortáveis nos sentimos. O único apoio que tivemos durante todo o tempo foi tocar música. Várias pessoas pensavam que o Sepultura era apenas Max, e que nós éramos apenas músicos por detrás dele", diz Andreas. "Mas o Sepultura sempre foi todo mundo junto, e com a contribuição de todos para as idéias. Temos a mesma atitude, a mesma música, a mesma mensagem. A única coisa diferente é que Derrick está aqui, agora."
Em maio, o Sepultura viajava para o
Japão para gravar, junto com a banda de percussão japonesa
Kodō, a música "Kamaitachi", uma das faixas do novo álbum. Já em abril, começa a gravação das músicas restantes, já com a participação de Derrick. Em agosto, o Sepultura toca no show
Barulho Contra a Fome, que serviu para angariar fundos e comida para os pobres, e o segundo single da banda, "
Choke", é agendado para ser lançado em novembro. Sobrevivendo ao período mais difícil de suas carreiras, o Sepultura retoma suas atividades e volta com seu novo álbum,
Nation, que falará por eles. "É uma boa hora pra voltar à idéia do que o Sepultura é!", conclui
Igor. "Não é apenas eu, ou
Andreas, ou
Paulo, ou o
Derrick, é a química de quatro pessoas tocando juntas."
O décimo álbum de estúdio do Sepultura,
Dante XXI, foi lançado em 2006, baseado no livro "
A Divina Comédia" de
Dante Alighieri. A odisséia pelo inferno, purgatório e paraíso à qual se lançou o personagem Dante narrada no livro é refeita musicalmente pelo som pesado da banda, sendo lançado pela gravadora
SPV Records. Dentro da discografia da banda, Dante XXI figura como seu terceiro álbum temático. Eles já haviam feito algo do gênero em
Roots de 1996, inspirados pela cultura brasileira e africana, e depois em
Nation de 2001, em que flertavam com uma nação utópica. Para o guitarrista
Andreas Kisser, a escolha de um caminho para o disco acaba sendo necessária. "Você chega a um ponto de escrever por escrever, fica sem sentido", diz.
A solução do tema partiu do vocalista
Derrick Green, que puxou pela memória o estudo de A Divina Comédia nos tempos do colégio. Idéia acatada, todos se voltaram à obra, principalmente Kisser, que se aprofundou no assunto. Envolvidos em trilhas para cinema há tempos, tanto Kisser quanto o restante do Sepultura transferiram um pouco dessa experiência para o novo trabalho. "A idéia era fazer a trilha para o livro", conceitua o baixista
Paulo Xisto. Chamaram André Moraes, no qual já era recorrente nessas trilhas, para se encarregar da
orquestração do álbum, cuidando dos arranjos mais elaborados, que requereram instrumentos nada usuais na sonoridade crua da banda, como celo e
piano, estes utilizados para dar diferenciação às passagens do purgatório e do paraíso. "A sonoridade da parte do Inferno foi mais familiar, usamos elementos da banda, como bateria, baixo, guitarra", explica Kisser.
O baterista
Igor Cavalera aparece nos créditos, mas decidiu abandonar a banda antes do início da turnê. Em seu lugar, entrou
Jean Dolabella. Segundo Kisser, a saída de Igor não foi tão traumática quanto a de Max, porque ele já vinha dividindo com os demais seu desejo de sair do Sepultura. "A gente estava esperando isso acontecer. Ele não estava demonstrando interesse em se dedicar à turnê", completa Xisto.
Com esse álbum a banda fez uma turnê mundial por onde tocou pela primeira vez na
Índia[18]. Esta turnê da banda, feita para a divulgação do álbum
Dante XXI, passou por diversos países na
Europa,
América do Norte e
América Latina, totalizando mais de 100 shows. Em
2007 o grupo foi atração em alguns festivais no
Brasil, como
Abril Pro Rock, em
Recife, e
Porão do Rock, em
Brasília.